terça-feira, 6 de dezembro de 2011


Monotonia

Retenho a pronúncia de minhas palavras.
Sua gentileza é volúpia e carinhosa.
Seu adeus é sereno.
Prefiro conter minhas desilusões a quaisquer escritos em mesa de bar.
Talvez um modo dos outros apreciarem meu sofrimento.
Mais uma dor para quem quer que ache bonita.
Um amor e outra tragédia completam mais um pedaço da minha vida
Em um longo e triste percurso.
 O tempo passa e, quando muito se espera, não muda nada.
A monotonia que invade nossas vidas.
Sempre. Surto!
O vão de horrores por não ter seu amor.
Mas, é a tragédia que nos faz levantar mais uma vez e tocar a vida,
Mesmo que demore mais alguns anos.
Três pontos é o que me resta: (...)

Inverso


Sentou-se no ponto de ônibus e esbanjou um ar de quem estava sofrendo por dentro. O que acontecera há pouco, levou-lhe a uma catarse imediata do instante em que havia executado tal malevolência contra ela. Será uma vingança por tal situação. Pensou, pensou bastante. Tentou achar que não. A sensação era horrível. Não suportou o silêncio de uma simples satisfação. Tentou ligar para saber o que deu de errado. Até então julgava que alguma coisa acontecera que a impediu de comparecer. O telefone chamou. Sua voz doce e suave atendeu com um simples sorriso. Desejou boa noite e, de imediato, questionou sua ausência. Ouviu uma única palavra em toda ligação, talvez por fechar os ouvidos em sua longa viagem no pensamento hipotético desfeito. Não! Sua ligação desfeita, indesejada. Aparentou-lhe uma rudez nunca vista. Sua frustração do esforço realizado para apreciar tão beleza tornou-se total. Veio de muito longe, insuficiente. Lembrou que ela chegara a definir a própria personalidade. Tudo havia mudado. Não eram mais as mesmas crianças doutra história. História sem continuidade, firma-se agora. Os tempos trouxeram experiências e a fez protagonista da vida. Os homens? Esses já não passavam de laranjas. Laranjas como ela havia metaforizado. Sucos deliciados em apenas um gole. Tomou conta de que deveria aproveitar a vida. Nessa vida, os sucos de laranjas seriam tomados quando nela bata-se a vontade. Não seria uma maneira egoísta de lidar com sentimentos dos outros? Não para ela. Já havia sofrido bastante. Inclusive em suas mãos. Havia mostrado total arrependimento. Achou que ela não acredita-se mais nos sentimentos dele. Deixou claro, da ultima vez que a viu, que o seu coração clamava pelo nome dela. Falou que estava sempre a sua espera aguardando um chamado. Momentos únicos aconteceram de maneira inexplicável na rotina dos dois. Ele tinha certeza e culpa pelo seu sentimento. Acredita está vivendo do outro lado do espelho. Tudo invertido em apenas 4 dias. Tomou o ônibus para casa, sem saber o que fazer. O amor não li servia mais. Pensou em desistir de ser feliz.


[Dedicado a Elayne Cavalcanti]